O número de mortos pela dengue no estado de São Paulo subiu para 15, segundo informou a Secretaria estadual da Saúde (SES) nesta ultima sexta-feira (16).
Os óbitos foram registrados entre 1º de janeiro e 16 de fevereiro em 10 cidades:
São Paulo: 1 morte
Guarulhos: 1 morte
Bebedouro: 2 mortes
Pindamonhangaba: 2 mortes
Taubaté: 2 mortes
Pederneiras: 2 morte
Tremembé: 1 morte
Marília: 2 mortes
Bauru: 1 morte
Registro: 1 morte
De acordo com o boletim da sétima semana epidemiológica da SES, o estado de São Paulo já registrou 55.317 casos desde o início de 2024.
Ainda conforme o boletim, há ainda outras 21 mortes em investigação, assim como 42.554 suspeitas de casos positivos.
Já na capital paulista são 11.641 casos, uma morte confirmada e três em investigação.
Vacina para 11 municípios paulistas
As 79,4 mil doses da vacina contra a dengue enviadas pelo Ministério da Saúde no dia 9 de fevereiro para serem distribuídas em 11 cidades do estado de São Paulo.
Foram levadas para Mogi das Cruzes, na região metropolitana, na manhã desta ultima quinta-feira (15).
As doses estavam desde o dia 9 estocadas no Centro de Distribuição e Logística do governo do estado, que fica em Pinheiros, Zona Oeste da capital.
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, nesta ultima sexta-feira (16) a pasta irá se reunir com as prefeituras para que uma capacitação seja feita sobre como deverá ser a vacinação nos municípios. Logo após, as doses poderão ser retiradas. O calendário dependerá de cada prefeitura.
No dia 25 de janeiro, o Ministério da Saúde divulgou a lista dos cerca de 500 municípios brasileiros que receberão doses do imunizante num primeiro momento para vacinação do público-alvo, da faixa entre 10 e 14 anos.
Apenas 11 cidades paulistas foram contempladas. São elas:
Guarulhos
Suzano
Guararema
Itaquaquecetuba
Ferraz de Vasconcelos
Mogi das Cruzes
Poá
Arujá
Santa Isabel
Biritiba-Mirim
Salesópolis
No dia 30 de janeiro a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo enviou um ofício à ministra da Saúde, Nísia Trindade, solicitando o envio imediato de doses do imunizante contra a dengue para a capital paulista, que registra alta no número de casos da doença neste início de 2024.
No ofício, o secretário Luiz Carlos Zamarco diz ter sido surpreendido pelo fato da capital não estar na lista do 1º lote de imunizantes e afirma que a cidade de SP tem estrutura adequada e já se preparou para o recebimento e aplicação das doses contra a doença.
Somente nas três primeiras semanas de 2024, o número de casos confirmados de dengue no município mais do que quadruplicou em relação ao mesmo período do último ano.
Imunização
Segundo o Ministério da Saúde, a restrição na cobertura vacinal se deve à baixa capacidade na produção do imunizante pelo laboratório Takeda Pharma.
Em 2023, o Brasil bateu o recorde de mortes com 1.096 óbitos. Em 2024, o número de casos registrados já é o dobro que no mesmo período do ano passado. Os dados mostram que a doença vem crescendo no país de forma alarmante:
Em Minas Gerais o governo decretou estado de emergência pela doença, após registro de mais de 600 casos em janeiro. Em São Paulo, quatro pessoas morreram pela doença. No Rio de Janeiro, nas três primeiras semanas o estado registrou quase dez mil casos de dengue
Qual é a vacina e qual o laboratório responsável?
A vacina Qdenga foi comprada do laboratório japonês Takeda Pharma. Ao todo, vão ser entregues 6,5 milhões de doses — 5,2 milhões foram compradas e o restante foi doado pela fabricante. O volume, segundo a produtora, é o limite da sua capacidade de produção.
A expectativa é que em 2025 sejam entregues 2,5 milhões de doses a mais. Além disso, há expectativa de ampliação da vacinação com imunizante em desenvolvimento pelo Instituto Butantan.
Por causa do baixo volume, o governo teve que definir duas “regras de corte”. Com isso, o programa de vacinação vai atender apenas 521 dos mais de 5 mil municípios brasileiros.
Por que há poucas doses?
A vacinação contra a dengue foi uma estratégia anunciada desde o início da nova gestão do Ministério da Saúde. Em março de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a Qdenga. Com isso, o governo começou a organizar um plano de imunização.
Apesar da mobilização, o laboratório informou que tinha uma capacidade limitada na produção da vacina e poderia entregar apenas 6,5 milhões de doses para o país ainda em 2024.
O laboratório, inclusive, não vai entregar todas as doses compradas ao mesmo tempo. A expectativa é de que isso ocorra ao longo do ano, com prazo final até novembro.
Segundo o Ministério da Saúde, a capacidade vai ser aumentada para 2025, quando devem ser entregues 9 milhões de doses.
Há no Brasil outra vacina contra a dengue também aprovada pela Anvisa, a Dengvaxia. Ela é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. No entanto, só pode ser aplicada em quem já foi infectado com o vírus da dengue, gerando uma proporção de impacto menor que a Qdenga. Ela não foi incorporada ao PNI e não vai ser distribuída pelo SUS.
Vacina contra a dengue chegam ao Brasil
Por que as 521 cidades e apenas crianças e adolescentes?
A delimitação foi feita pela restrição no volume de doses. Segundo o Ministério da Saúde, as cidades e faixas etárias não foram escolhidas aleatoriamente, mas seguindo critérios definidos em várias reuniões com técnicos da pasta e definições da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A vacina foi aprovada para pessoas de 4 a 60 anos, mas como a quantidade de doses não seria suficiente cruzaram a idade com o número de internações pela doença nos últimos cinco anos e chegaram à faixa etária entre 10 e 14 anos.
Depois disso, precisaram determinar o território. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 13,6 milhões de pessoas dentro dessa faixa etária, mas só poderiam vacinar 3,2 milhões delas.
Com isso, a pasta determinou que fossem incluídas as cidades com mais de 100 mil habitantes e os munícipios vizinhos com casos de dengue tipo 2. Na lista, foram incluídos 16 estados e o Distrito Federal. Ficaram de fora Rio Grande do Sul, Pará, Amapá, Piauí, Mato Grosso, Rondônia, Ceará, Alagoas, Sergipe e Pernambuco.
“O ministério tem a intenção de vacinar o máximo. Tudo depende do que for disponibilizado. Vacina é uma coisa que vai progredir ao longo dos anos. A gente trabalha com a capacidade de que eles têm a nos oferecer”, disse Éder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, no anúncio do programa de vacinação.