Um novo projeto de lei em São Paulo busca promover a justiça histórica ao remover os nomes de torturadores da ditadura militar das ruas e espaços públicos da cidade. Intitulado Ainda Estou Aqui, o projeto propõe substituir essas homenagens por nomes de vítimas desse período sombrio da história brasileira. A iniciativa visa não apenas corrigir uma distorção histórica, mas também criar um ambiente mais justo e respeitoso, refletindo um compromisso com a memória das vítimas da repressão.
O projeto tem gerado um intenso debate entre os paulistanos, trazendo à tona questões sobre a reconciliação com o passado e a preservação da memória histórica. A proposta sugere que as ruas e espaços públicos que atualmente homenageiam figuras envolvidas em atos de tortura durante o regime militar passem a ser renomeados em homenagem a pessoas que lutaram contra o autoritarismo. A ideia é dar visibilidade a quem sofreu injustiças em nome da liberdade e da democracia.
A proposta tem o objetivo de corrigir o reconhecimento público de figuras que, no período da ditadura militar, participaram diretamente de práticas de repressão. Ao invés de manter o nome desses torturadores, o projeto busca restaurar o nome das vítimas, que muitas vezes foram silenciadas ou esquecidas ao longo dos anos. A intenção é reverter o simbolismo presente na toponímia da cidade, reconhecendo os que se opuseram à violência estatal.
A aprovação do projeto Ainda Estou Aqui também é uma tentativa de curar feridas abertas pela ditadura, criando uma oportunidade para um diálogo mais amplo sobre o impacto duradouro do regime militar nas gerações atuais. Ao reavaliar e reconfigurar a memória pública, a iniciativa busca reforçar os princípios de justiça e direitos humanos, fundamentais para a construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática.
Esse tipo de ação também tem um papel educativo, especialmente para as novas gerações que, em muitos casos, não têm plena consciência dos eventos que ocorreram durante a ditadura. A mudança nos nomes das ruas seria uma forma de manter viva a memória das vítimas, destacando a importância da liberdade e dos direitos civis na construção de uma nação democrática. Para os defensores da medida, isso contribuiria para fortalecer a cultura da paz e do respeito aos direitos humanos.
Embora o projeto tenha recebido apoio de diversas entidades de direitos humanos e de setores da sociedade civil, ele também tem gerado críticas de pessoas que consideram a renomeação das ruas uma tentativa de reescrever a história. Esses opositores defendem que é fundamental preservar os nomes das figuras históricas, mesmo aquelas com envolvimento em atos de repressão, como forma de lembrar os erros do passado. A discussão sobre o projeto tem trazido à tona diferentes visões sobre como lidar com a memória histórica.
O projeto Ainda Estou Aqui tem sido um ponto de união entre diferentes grupos que buscam dar visibilidade às vítimas da ditadura militar, que foram muitas vezes marginalizadas ou esquecidas. Para os defensores da proposta, essa é uma forma de corrigir uma falha na memória coletiva, onde as vítimas e os heróis da resistência muitas vezes foram eclipsados pelas figuras responsáveis pela repressão. Essa renomeação é vista como uma forma de reafirmar os valores democráticos, a justiça e a liberdade.
Em última análise, o projeto Ainda Estou Aqui não apenas busca alterar o nome das ruas de São Paulo, mas também pretende iniciar uma reflexão sobre como o Brasil lida com o legado da ditadura. Ao promover essa mudança simbólica, a cidade daria um importante passo para reconhecer as vítimas da violência política e garantir que a história do país seja lembrada de maneira justa e verdadeira, criando um futuro mais consciente e democrático.