A Defesa Civil de São Paulo levantou questionamentos ao Google após o envio de um alerta de terremoto na madrugada desta sexta-feira (14). O aviso, que foi direcionado aos usuários de Android em São Paulo e Rio de Janeiro, indicava a possibilidade de um tremor na região de Ubatuba. A mensagem gerou desconforto entre órgãos oficiais responsáveis pelo monitoramento de desastres naturais, já que o evento não havia sido registrado por nenhum sistema de monitoramento oficial.
Segundo informações obtidas pela CNN, o Google se posicionou afirmando que está apurando o ocorrido para entender por que seus usuários receberam o alerta sobre um possível terremoto. A situação gerou perplexidade entre as autoridades, uma vez que o evento não estava no radar de monitoramento sísmico. A plataforma utilizou a ferramenta de “cell broadcast”, um sistema de alerta emergencial, que vem sendo cada vez mais utilizado para alertar a população sobre riscos como desastres naturais.
Essa não é a primeira vez que a Defesa Civil de São Paulo e do Rio de Janeiro emitem alertas por meio de ferramentas de transmissão em massa, como o “cell broadcast”. Em dezembro de 2024, a Defesa Civil do Rio de Janeiro já havia utilizado o serviço para emitir alertas relacionados a condições climáticas adversas. Em janeiro de 2025, foi a vez da Defesa Civil de São Paulo, que alertou a população sobre possíveis chuvas fortes e risco de deslizamentos, como nos dias 10 e 13 de fevereiro.
A utilização de tecnologia para alertas rápidos é considerada uma prática importante para a segurança da população, mas a falta de confirmação de um evento sísmico nas regiões afetadas gerou desconforto. A Defesa Civil do Rio de Janeiro, após receber o alerta do Google, entrou em contato com o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ), que confirmou que não houve registro de abalo sísmico no estado. Isso indicou que o alerta foi emitido sem a devida verificação.
O uso de sistemas de alerta como o “cell broadcast” tem se tornado mais comum devido à sua capacidade de alcançar uma grande parte da população rapidamente. Contudo, o incidente com o alerta de terremoto deixou claro que há necessidade de maior coordenação entre as autoridades oficiais e as plataformas tecnológicas. Os órgãos responsáveis pelo monitoramento de desastres naturais desempenham um papel fundamental na validação de informações antes que elas sejam disseminadas à população.
Ainda não houve uma resposta definitiva do Google sobre o ocorrido. A CNN entrou em contato com a empresa para esclarecer os motivos do alerta enviado aos usuários de Android, mas até o momento não obteve um retorno oficial. A falta de informações claras sobre o procedimento de envio dos alertas gerou preocupações de que, em situações semelhantes, a população possa ser desinformada, o que prejudicaria a eficácia dos alertas.
A situação também levanta questões sobre a confiabilidade de informações disseminadas por plataformas tecnológicas que atuam fora dos canais oficiais. Embora as ferramentas de alerta sejam importantes, a credibilidade das informações enviadas deve ser garantida por uma rede coordenada entre os sistemas de monitoramento oficiais e as empresas de tecnologia. O incidente de sexta-feira mostrou que é necessário um alinhamento entre as partes para garantir que os alertas sejam emitidos apenas quando a situação realmente o justifique.
Enquanto as investigações sobre o ocorrido continuam, o caso serve como um alerta para a importância da comunicação eficaz entre autoridades públicas e empresas de tecnologia. Em um mundo cada vez mais dependente de dispositivos móveis para disseminação de informações, a veracidade dos dados enviados à população não pode ser comprometida, especialmente quando se trata de alertas relacionados a possíveis desastres naturais.